Para quem tem acesso ilimitado à internet, ficar alguns minutos sem
poder se conectar pode ser uma verdadeira tortura. O tempo não passa, as
alternativas offline não parecem tão interessantes e até que você
encontre outra atividade e se esqueça de que está isolado do mundo
virtual, muitos momentos angustiantes já terão se passado.
Imagine então, que da noite para o dia, a internet deixe de existir. O
que você faria sem ter acesso a nenhum dos seus sites favoritos? Como
você se comportaria sem poder acessar documentos, fazer compras com
cartão de crédito ou nem sequer saber qual é a previsão do tempo para
amanhã?
Uma cidade do Canadá experimentou no último mês uma experiência nada
agradável como essa. Devido a uma falha em um satélite, algumas
localidades próximas a Quebec ficaram sem acesso à internet. O caos na
região foi muito além de protestos de usuários revoltados por não
poderem atualizar seus perfis em redes sociais.
Uma ilha cercada de ilhas por todos os lados
O
primeiro problema percebido na cidade foi a falta de acesso à internet.
Sem comunicação, o problema se estendeu para os telefones, que de uma
hora para outra, ficaram mudos. Como se comunicar com seus amigos e
perguntar se está tudo bem, quando tanto a internet quanto os telefones
não estão funcionando?
As transmissões de rádio poderiam ser uma alternativa. Contudo, com a
maioria das emissoras utilizando um padrão digital e transmissões via
satélite, a opção foi rapidamente descartada. Em uma grande cidade, a
falta de acesso a serviços como corpo de bombeiros, polícia ou hospitais
pode criar um caos de proporções gigantescas.
É hora de sair daqui
Você se dá conta que a
situação pode ser mais grave do que imagina. Sair da cidade passa a ser
uma das alternativas a ser considerada. Porém, sem informações sobre o
tempo em outras cidades, os aeroportos são fechados e não têm pousos e
decolagens liberados. Afinal, todos os instrumentos operam baseados em
informações disponibilizadas via satélite.
Sair da cidade por via terrestre poderia ser outra opção. Entretanto, a
menos que você tenha dinheiro em espécie disponível, pagar passagens
de ônibus ou mesmo abastecer o tanque do seu veículo com cartão de
crédito ou débito são soluções fora de cogitação. Sacar dinheiro em
caixas eletrônicos, com sistemas fora do ar, também é outra hipótese que
você pode descartar.
Em estado de sítio
No Brasil, em caso de situações extremas, o Governo Federal pode
decretar estado de sítio. Trata-se de uma medida provisória, válida por
30 dias e passível de ser prorrogada sucessivas vezes, que dá aos
poderes o direito de tomar atitudes que limitem a liberdade dos
cidadãos, como obrigação de residência em determinado local ou evacuação
de cidades inteiras.
Obviamente, quando foi elaborada, a legislação não previa um caos
advindo da falta de internet. As situações descritas são utilizadas com
mais frequência em cidades vítimas de desastres naturais ou, como
ocorre em outros países, em caso de declaração de guerra.
Entretanto, em uma situação como essa o Governo Federal, bem como as
forças armadas e tropas de paz internacionais, muito provavelmente
seriam deslocados para auxiliar no suporte à população, reestabelecendo,
ainda que de forma precária, serviços essenciais para a manutenção da
vida em sociedade, como hospitais, energia elétrica e saneamento
básico.
Necessidades básicas
Um dos maiores problemas que pode ser ocasionado pela falta de internet
é, sem dúvida, a maneira como as transações financeiras acontecem.
Ainda que você evite ao máximo utilizar o sistema bancário, muito
provavelmente o seu salário é depositado em uma conta bancária. Sem
acesso a nenhum tipo de sistema, tanto a transferência do dinheiro por
parte da empresa, quanto o pagamento dos valores feito pelo banco ficam
prejudicados.
Sem dinheiro em espécie para sobreviver, supermercados, postos de
gasolina, restaurantes e quaisquer outros estabelecimentos comerciais
passam a ser meros depósitos, sem muita utilidade para os consumidores.
Por outro lado, itens de primeira necessidade muito provavelmente devem
ter o seu valor aumentado, passando a valer como moeda de troca em
diversas situações.
Tudo como era antigamente: será mesmo?
Há pelo menos 20 anos era possível buscar, de uma hora para outra,
alternativas para fazer com que tudo continuasse funcionando mesmo com
interrupções de sinal de internet. Contudo, com o passar do tempo, cada
vez mais nos tornamos dependentes dessa forma de integração, de maneira
que se torna praticamente impossível mudar os rumos em questão de
instantes.
Obviamente,
com muitas dificuldades, em questão de dias seria possível começar a
fazer alguns serviços voltarem ao normal. Os usuários mais velhos,
aqueles acima dos 30 anos, ainda devem se lembrar do tempo em que
muitas coisas podiam ser feitas apenas pessoalmente, o número de
informações era mais escasso e que os computadores não eram regra, mas
exceção no cotidiano da população.
Todavia, para os usuários mais novos, que cresceram tendo a internet
como uma das referências mais importantes para entrar em contato com o
mundo exterior, a adaptação certamente seria mais lenta e muitos teriam
que reaprender a fazer de forma manual funções que hoje podem ser
executadas em questão de minutos.
Soluções em caso de emergência
O
fato ocorrido no Canadá dificilmente aconteceria em larga escala no
planeta. Afinal, inúmeros satélites monitoram regiões específicas do
mundo e, com algum tempo, os objetos em órbita que estivessem
funcionando poderiam ser direcionados para suprir demandas maiores em
outros pontos do mundo. Contudo, o transtorno serve como alerta sobre
como proceder em casos extremos de ausência completa de contato com
redes de comunicação.
Os planos de contingência e sobrevivência adotados em caso de guerra,
quando as comunicações costumam ser um dos primeiros serviços
prejudicados, se mostram eficientes até certo ponto, pois presumem que,
em algum lugar do planeta, ainda que distante, haverá condições
satisfatórias de ao menos enviar e receber mensagens.
Invenções mais antigas como o código morse, por exemplo, poderiam ser
utilizadas em situações como essa. O problema maior seria encontrar
pessoas capacitadas a operar equipamentos assim. Você já imaginou como
seria a sua vida sem o acesso a nenhum dos serviços online que conhece
hoje.